Justiça para todos?

Postado em 26-11-2012

Acabo de ler um ditirambo ridículo ao Supremo Tribunal Federal publicado dia 25 do corrente no jornal “O Estado de S. Paulo”.

O autor das imerecidas loas à suprema Corte, professor da USP, diz que, após o julgamento do “mensalão”, a sociedade brasileira respira aliviada confiante na mais alta instância do Poder Judiciário que provou aplicar aos poderosos o rigor da lei. O articulista recorda os polêmicos julgamentos ocorridos nos últimos anos ( a utilização de células tronco para pesquisas com fins terapêuticos, o “casamento homossexual”, o aborto dos anencefálicos etc) para dizer que, por se haver pronunciado com coragem nesses feitos, o Supremo Tribunal se impôs ao respeito de toda a sociedade brasileira garantindo a todos, inclusive às minorias, a tão almejada justiça.

O autor do ditirambo à toga só se esqueceu, entre outras coisas, de dizer que a imensa maioria da sociedade brasileira não aprova o “casamento” e a “família” homossexuais como provam sobejamente inúmeras pesquisas de opinião pública, muitas das quais, aliás, publicadas n’ “O Estado de S. Paulo”.

O louvaminheiro do “Estadão” esqueceu-se, igualmente, de dizer que, de acordo com a Constituição da República Federativa do Brasil, a arguição de descumprimento de preceito fundamental deve ser apreciada na forma da lei, não competindo aos magistrados julgar contra a lei ou “julgar lesgilando”.

Ao contrário do que diz o louvaminheiro, o Supremo Tribunal Federal, na apreciação das ações de descumprimento de preceito fundamental referidas acima, tripudiou sobre a Carta Magna, espezinhou os direitos mais elementares da pessoa humana, a começar pelo direito à vida, o direito a ter uma família conforme a natureza humana (ter pai e mãe) e abriu as portas para a prática de uma eugenia imoral que se volta contra o valor do próprio homem.

Por fim, o louvaminheiro mostrou-se muito otimista quanto ao julmento do mensalão. Com efeito, resta ver o efeito prático do “julgamento espetáculo”. Como será a execução das penas aplicadas? Já se diz que o sr. José Genuíno poderá ficar submetido a regime de prisão semi-aberto, assumindo a vaga de suplente de deputado federal aberta com a eleição do seu “companheiro” para prefeito de São José dos Campos.

Com muita razão, as pessoas mais sensatas deste triste Brasil do Partido dos Tapeadores duvidam que os “condenados” do processão do mensalão vão cumprir pena na cadeia e devolver aos cofres públicos a dinheirama surrupiada.

O Partido dos Tapeadores gosta de falar da ética republicana. Vive acusando os seus adversários de não ter costumes políticos “republicanos”. A verdade é que o Brasil só foi uma república quando foi uma monarquia, quando os dois imperadores tinham real respeito pela coisa pública.

Quando um articulista de um dos maiores e mais respeitados órgãos da imprensa nacional (e, ainda mais, sendo um professor da mais importante universidade do país), se permite impingir aos leitores de um dos poucos jornais que se consegue ler um artigo tão cretino e leviano sobre um assunto tão sério, é sinal de que, realmente, as reservas morais da nação estão esgotadas.

Pe. João Batista de A. Prado Ferraz Costa

Anápolis, 26 de novembro de 2012.
São Silvestre Abade