O Segredo da Maçonaria

Postado em 07-06-2012

Pe. Antonio Miranda S. D. N

Editora “O Lutador”, 1948

 

RESUMO GERAL

Sempre que lemos e ouvimos algo sobre a Maçonaria, a primeira impressão de que se ressente o nosso espírito é de insuficiência do que ouvimos e lemos para satisfazer aos múltiplos problemas que a nós mesmos nos propomos a este respeito. Espontaneamente, multidão de perguntas nos ocorrem. Que é, na verdade, a Maçonaria? Qual a sua ori­gem? Qual o seu fim? Quais seus planos? E agora, sobretudo, quando quase não se fala mais de Maçonaria, para as nossas mentes que só a custo se arrancam à preocupação com as ideologias do momento, paira no horizonte, cheio de tantas apreensões, mais es­ta interrogação: Existirá ainda o perigo maçônico?

Pois bem, a estas questões buscarei dar resposta no rápido bosquejo que vos apresento.

 

Que é na verdade a Maçonaria, e qual a sua origem?

A Maçonaria, em concreto, é mais do que pensamos. Porque o que pensamos é que ela é uma seita secreta; e, na Verdade, ela não é uma seita, mas uma superposição de seitas (1), controladas,governadas, maneja­das, escravizadas por um grupo invisível de homens ardilosos, por um pugilo de judeus, que, valendo-se de magnífica organização secreta, dominam o mundo, exploram a eco­nomia internacional, dirigem a política, fo­mentam a crise de civilização que nos ator­menta. Eis o que é, em concreto, a Maçona­ria. É uma superposição de seitas secretas sob o controle judaico. É uma associação de associações, com um governo ignorado.

E quais são estas associações, que a in­tegram? Muitas. Entre outras, o Iluminismo, O Teosofismo, aCabala, e as grandes lojas dos vários países, que, constituindo associações separadas, com estatutos pró­prios, estão, contudo, sem o saberem, subju­gadas à direção de um só grupo, que e a Maçonaria suprema.

 

Donde veio, e como se formou a Maço­naria?

O traço característico da Maçonaria através da história é que ela é um produto da forja do tempo. Justamente porque é uma corporação de todas as forças secretas, ela, em essência, veio-se formando através dos séculos com o aparecimento sucessivo das sociedades diversas que hoje a constituem. O seu ideal foi se reafirmando; os seus pla­nos foram se consolidando; a sua organiza­ção, fixando-se a pouco e pouco, até que re­cebesse forma definitiva, em 1723, pelas Constituições oficiais redigidas por Anderson ( da Grande Loja da Inglaterra).

Se remontarmos ao mais longínquo da história para investigar todo o mistério dos seus segredos, o primeiro instituto que acha­remos, e que parece ter contribuído à sua organização e finalidade perversa, veremos que foi a Ordem extinta dos Templários. E, então — coisa curiosa — averiguaremos que a origem da Maçonaria é quiçá diabólica. Esta Ordem, que tanta estima e riqueza lo­grara no Oriente e no Ocidente, perverteu-se e entregou-se às maiores abominações. O orgulho desmedido de seus membros levou-os ao desejo de dominar o mundo pela fun­dação de um governo universal. E o demônio, pai do orgulho e da impureza que os perdera, parece-nos, serviu-se deles como de pedra angular dum edifício que desde muito planejava construir. Conta-nos ilustrado au­tor que os Templários adoravam um gato que lhes aparecia quando estavam reunidos. (Pe. T. Dutra — As seitas secretas, pág. 63) E sabemos, afinal, como terminou a his­tória da Ordem dos Templários. Felipe o Belo e o Papa Clemente V extinguiram-na por seus decretos, em 1310.

Apenas destruída a sua corporação, os Templários, cavaleiros ilustres e nobres, que eram, buscaram outra de ilustres e nobres como eles, em que pudessem incutir suas idéias, após terem jurado — ultima provocação do decreto pontifício e real — ódio eterno e guerra ao papado e à monarquia.

Pelo mesmo tempo, existia, florescente e prestigiosa, a Sociedade dos Livres Pedreiros, a que muitos nobres davam seu nome, porque então era honra pertencer à associa­ção mais espalhada no mundo e que, de as­sociação de pedreiros, ia se tornando asso­ciação de filósofos. Foi a este grêmio ilustre, amante do segredo e do ocultismo, que os Templários se filiaram, provavelmente, para ali insinuar os seus planos, e vir a formar, no decorrer dos séculos, de concerto com ou­tras sociedades secretas, e escravizadas to­das ao judaísmo, a Ordem Maçônica, ou Franco-Maçonaria, constituída oficialmente em 1723.

Foi assim, mais possivelmente, que se originou a Maçonaria.

 

Como está ela organizada?

Subindo à ribalta das aparições sociais com as constituições públicas redigidas por James Anderson, entrou a Maçonaria numa segunda fase: a de uma organização externa.

Esta organização, camuflagem da orga­nização secreta, outra não é que a de qual­quer sociedade filantrópica, com esta parti­cularidade: abrange todo o mundo. Nas lo­jas municipais, ela tem um Presidente, cha­mado Venerável, um Secretário, um Tesou­reiro, e dois Conselheiros, ditos Irmãos Vi­gilantes.

As lojas municipais elegem membros para um conselho nacional, denominado Convenção do Grande Oriente. Os Grandes Orientes reúnem-se de tempos em tempos em Convenções internacionais. Todos os membros destes vários governos são eleitos temporariamente.

Tal é a organização externa da Maçonaria.

Interiormente, porém, é outra a organização, como outras são as finalidades, que não filantrópicas, que a norteiam.

Há uma graduação, com títulos sonoros e poéticos, com insígnias e ritos de recepção, em que, segundo a idoneidade dos compar­sas que a vão galgando, revelam-se paulatinamente os segredos e planos ocultos.

Estes títulos são em número de 33, dos quais os três primeiros são de domínio pú­blico: Aprendiz, Companheiro e Mestre — e os três últimos, quase completamente desconhecidos, até dos próprios maçons: Prín­cipe Adepto, Patriarca das Cruzadas, Cava­leiro Kadosch.

O Aspirante vai subindo por estes graus, elevado pelos que estão nos graus superiores, e comprometendo-se, cada vez, com ju­ramentos os mais terríveis, a guardar os se­gredos que lhe forem revelados, e a obede­cer, sob pena de morte atrocíssima, a quanto lhe mandarem os chefes da seita. E daí o que observa Poncins: “o número dos gra­duados diminui proporcionalmente à eleva­ção, e os altos graus tornam-se cada vez mais secretos”. (Op. cit., p. 22)

Esta graduação, que existe entre os membros, existe também entre as lojas do mundo inteiro, de tal modo que, conforme nos expõe ainda L. de Poncins, a Maçonaria assemelha-se a uma grande pirâmide, em cujo vértice invisível posta-se um grupo misterioso a fazer descer todas as ordens às graduações inferiores, impossibilitadas de saber quais os seus verdadeiros mandantes. (Idem, p. 23)

Tal a organização ímpar das seitas se­cretas, que tem feito surdir na história os maiores eventos, tramados na sombra, mui­tas vezes com requintes de maldade.

 

Qual a finalidade da Maçonaria?

O recurso que fizemos às suas origens no-la evidencia, sem que seja preciso citar documentos maçônicos que a comprovem.

Há que distinguir o fim simplesmente humano, e o fim demoníaco, entendido pelo fundador real da seita.

O fim simplesmente humano é a des­truição de toda a autoridade tanto temporal como espiritual. Ódio eterno à Monarquia e ao Papado foi o 1.° juramento dos Templários.

Destruir a autoridade espiritual, combater o Papado, o clero, a Igreja — tal a finalidade demoníaca. Não me darei ao trabalho de provar o que todos conheceis à luz da história.

Acabar com a autoridade temporal — eis aqui um ponto sobre que, talvez, andais enganados; permiti-me que vo-lo esclareça.

Ouvimos constantemente que é finali­dade da seita secreta minar os tronos, aca­bar com a Monarquia, implantar a Repúbli­ca. É verdade tudo isto. Mais verdade é ain­da, porém, que o abater os tronos e esma­gar dinastias não é senão um fim intermédio da Maçonaria; é, antes, posso afirmar, um plano, que um fim desta associação O seu fim concreto e principal, na ordem política, é abolir toda e qualquer autoridade, é tender à anarquia total. Destruir a Monarquia era vencer o 1.° óbice. O seu mais secreto inten­to é acabar com a mesma democracia. Os documentos maçônicos são absolutamente afirmativos a este respeito. E, entre outros autores, eu poderia citar-vos Weishaupt, fundador da seita dos Iluminados na Alema­nha e João Witt, maçon, nas suas Memórias secretas. A exiguidade do tempo não o per­mitiria, entretanto.

Passemos a considerar o fim diabólico da Maçonaria. A Maçonaria não tem somen­te um fim humano. Fundação demoníaca, “Sinagoga de Satanás” como a cognominou Pio IX, tem ela um fim diabólico, que é oculto de Lúcifer.

Parece incrível. Mas comprova-o a au­toridade dos fatos. Existe nas lojas mais al­tas e secretas da Maçonaria, as chamadas Lojas

Paládicas ou de Retaguarda, o culto verdadeiro de Satanás. Sobre esta matéria, escreveu um grosso livro um maçon conver­tido, que delas fêz parte. Intitula-se o livro: “Le Palladisme” e é de Romênico Margiotta.

Mais. Tempos houve em que nações catolicíssimas, como a Itália e a França, bafejadas do espírito maçônico, chegaram à ado­ração pública de Satanás! Procissões hediondas, levando à frente um estandarte em que se via pintada a inimaginável cara do demônio, percorreram ruas de metrópoles afamadas, como Paris, Roma e Palermo, por entre hinos que a história guardou, aos gri­tos infames de “Viva Satã!” e “Morra Deus!”.

Reporto quantos me lêem aos dois se­guintes livros em português: “As seitas se­cretas” do Pe. T. Dutra e “A autoridade e as forças secretas” do Pe. Everardo Gui­lherme.

Fazendo uma reminiscência numa sín­tese, concluo repetindo. Dois são os fins da Maçonaria: O entendido pelos homens — fim próximo — a destruição de toda a autoridade.

O entendido pelo demônio, — fim últi­mo — o Satanismo.

O substituir os tronos pelas repúblicas cabe antes na categoria dos planos gerais da Maçonaria, que ora passamos a ilustrar.

 

Quais os planos da Maçonaria?

É distintivo do agente dotado de razão prosseguir um fim com os planos mais viá­veis. E a Maçonaria que trabalha, não so­mente dirigida pela razão, mas orientada pelo espírito do mal, tem planos incomparáveis, ardilosos, viabilíssimos.

Para cada país traçam as Federações maçônicas planos particulares que não seria fácil discriminar aqui, porque variam com as épocas e com as vicissitudes políticas e religiosas. O que vamos expor é quase osplanos universais da Ordem.

Como planos para alcançar o seu duplo fim humano e diabólico, posso salientar, reduzindo :

1) A república e pseudo-religião univer­sais, cujo centro será Roma.

2) A subversão da moral social e fami­liar.

A conquista destas duas áreas visadas pelos nossos inimigos maçons é fadada a elaborar, necessariamente, uma nova civiliza­ção, ateia e amoral, por não dizer imoral.

A república universal é um sonho desde muito praticamente realizado, porque afinal, a República, já espalhada em quase todo o mundo, como o afirmaram e provaram Léon de Poncins e outros (2) é hoje inteiramente controlada pela Maçonaria, aliás a sua legítima fundadora e propulsora.

Que tenham querido, e queiram os ma­çons fazer da Cidade Eterna o centro da República Religiosa Maçônica Universal — é o que nem todos sabem, mas está sobeja­mente destilado nos escritos de Mazzini (3), o maior apóstolo desta causa. Eis aqui um de seus trechos, não secreto, mas, público:

“Roma não é uma cidade. Roma é uma ideia. Roma é a sepultura de duas religiões que inspiraram o mundo passado e o santuá­rio de uma terceira que falta e que dará ao mundo a vida do futuro. Roma é a missão da Itália entre as nações; a palavra e o ver­bo do nosso povo; o evangelho eterno da Unificação das nações…”

E de Mazzini temos ainda bastas cita­ções que vindicam o cerebrino plano: “A ideia tem o apoio da maçonaria britânica e americana, e geralmente de todos os núcleos maçons do globo” — afirma-nos o autor de quem tomei emprestada a citação acima. (Pe. Ev. Guilherme — Solidarismo, vol. IV, pág. 57)

Quanto à subversão da moral, que é o 2.° plano, afirma-nos positivamente este mes­mo autor, que o disse conhecer através de maçons idôneos, serem de total orientação maçônica os esportes mistos, as escolas mis­tas, a fundação de cassinos e cabarés, etc. e sobretudo a bolorenta campanha do divór­cio.

E não será para menos, porque a Ma­çonaria, nas lojas de Retaguarda, assim co­mo pratica Luciferismo, apregoa e pratica também o dito culto fálico, que consiste na mais degradante bestialidade (G. Barroso, op, cit. — Pe. T. Dutra, op. cit.; — Jac Van Term, em sua obra em holandês sobre a Ma­çonaria.)

E cerro-me com esta sucinta exposição, para apressar-me com uma resposta que servirá de conclusão final.

 

Existirá ainda o perigo maçônico?

Sim. Não nos iludamos. O perigo maçônico não passou. Não é um anacronismo uItramontano. E eu estou em dizer que, nos dias de hoje, em que menos nos ocupamos dele, é que ele mais nos solapa.

A Maçonaria ainda existe. Ninguém o nega. Logo, se existe, e porque existe, con­tinua a ser fiel a seu programa de trabalhar no oculto e na sombra. É, pois, cosa das mais palpáveis que ela constitui grande pe­rigo, ainda agora. Sobretudo para a nova construção que se projeta de um Mundo No­vo, erguido sobre bases solidamente cristã, onde a visão do sobrenatural sobrepuje a visão da técnica. E isto justamente porque este Mundo Novo que queremos é um anta­gonismo ao Mundo Novo ateu que a Maçonaria imaginou e jurou construir na som­bra, muito antes de nós.

E, se este perigo existe em toda a parte, existe grandemente no Brasil, onde a Maçonaria tem um plano especial, o de marcar-se do timbre da “indefinição”. Quem o diz é Tristão de Ataíde: “Definir aqui a Maçona­ria é impossível — diz êle — pois ela é, em nosso caso, a própria indefinição (Contra-. Rev. Esp. pág. 86).

Grande Verdade sobre a Maçonaria no Brasil. Ela é aqui a própria indefinição. Isto é, seus membros, seus chefes, aqui, não se definem, não dizem, nem mesmo sabem o que querem. São indefinidos e são indefiníveis. E por quê? É que são iludidos pelos Grandes Orientes de Paris e de Londres. Não sabem, na quase totalidade, o que é Maçonaria. E os Grandes Orientes não lho re­velam. Querem que o modo de ação maçônica seja, aqui em nosso meio, por indefini­ção.

E nós, que sabemos bem, que tanto fa­lamos, do perigo dos “homens sem marca”, dos “caracteres sem personalidade”, dos “sujeitos indefinidos”, não cremos, por ve­zes, no perigo maçônico no Brasil.

Também a França, antes de 1889, não o creu! Também o México não o creu! (Alusão aos Cristeiros?) Tam­bém a Espanha não o creu! Em 1865, Lafargue, no Congresso Maçônico de Liège, afirmava: “Há 4 séculos que minamos o ca­tolicismo, esta máquina formidável que o espiritualismo inventou…” Palavra semelhan­te, quem sabe, repetem os maçons com res­peito à nossa cara Pátria, em todas as suas convenções. “Há mais de 2 séculos que mi­namos o catolicismo brasileiro, o mais decantado catolicismo, que os padres elogiam com ênfase do alto de seus púlpitos, e que é a nossa melhor arma de ação!”

 

Até quando continuaremos de olhos escamados?

Contra a Maçonaria só existe um remé­dio — advertia Barruel. É desmascarar-lhe os planos e ficar de sobreaviso às suas investidas contra o patrimônio das ideias cristãs. (Memoires pour servir a l’histoire du Jacobinisme)

A nossa imprensa, porém, e mesmo o nosso púlpito, que não raro se prestaram a hediondas campanhas políticas, esqueceram-se de flagelar a hipocrisia maçônica, como impôs aos padres S.S. Leão XIII (Ene. de 30 abril 1884) (É, padre, não só a esqueceram como até a promovem, inclusive bispos, como Dom Demétrio Valentini, e a conivência da CNBB.) Um dia, e talvez, não vem longe, colheremos o fruto desta inércia. O tribunal irrevogável dos fatos sancionará o aresto que a experiência do passado nos deve levar a pronunciar.

Que ao menos a geração nova de agora se aperceba da história com proveito para soerguer no futuro o que até ao presente se veio destruindo.

 

1 Este resumo é uma palestra pronunciada pelo autor em 1942 e constitui a síntese de quanto se disse precedente­mente,

2 Léon de Poncins – As forças secretas da Revolução, p. 22.

3 Opere di Giuseppe Mazzini, vol. XIV sobretudo.

 

Obs.: Os destaques só em negrito são originais do texto, e os negritos sublinhados, e entre parênteses são meus. Cleber Lourenço.

O Segredo da Maçonaria

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