Arquivo de março de 2009

Carta Aberta ao Santo Padre Bento XVI

Postado por Admin.Capela em 27/mar/2009 - Sem Comentários

Beatíssimo Padre.

Prostrado aos pés de Vossa Santidade, venho, respeitosamente, por meio desta, manifestar-lhe minha fidelidade incondicional na qualidade de sacerdote católico incardinado na Diocese de Anápolis.

Tenho acompanhado com tristeza e indignação todos os ataques dirigidos contra Vossa Santidade, verdadeiros atos de rebeldia, por parte de pessoas que perderam a fé católica ou se deixaram enredar por falsas doutrinas e, assim, são incapazes de avaliar com justeza as medidas prudentes e zelosas de Vossa Santidade com o intuito de promover o bem da Igreja e preservar a integridade da fé católica.

Desejaria dizer a Vossa Santidade que lhe sou particularmente grato pelo motu proprio Summorum Pontificum e pelo decreto de revogação das excomunhões declaradas em 1988 contra Mons. Marcel Lefèbvre, D. Antonio de Castro Mayer e os 4 bispos então consagrados.

Com a liberdade de um filho que confia em seu pai, devo dizer a Vossa Santidade que, tendo nascido em 1962 em uma diocese do interior do Estado São Paulo, assisti à degradação da vida espiritual católica promovida pela teologia da libertação e em nome do Concílio Vaticano II: igrejas destruídas e profanadas, a liturgia completamente dessacralizada, a educação católica, garantia da transmissão dos valores perenes, abolida com o fechamento de antigos colégios, porque se dizia serem apenas  instituições a serviço da  burguesia e contra as classes oprimidas. Um número incalculável de publicações  (cartilhas, panfletos, folhetinhos de missa) espalhou todos esses anos entre os católicos a grosseria, a  imoralidade e a heresia, de modo que se gerou um ambiente insuportável. É inútil e impossível mencionar todas as calamidades que se abateram sobre os católicos, e Vossa Santidade tem pleno conhecimento da realidade.

Digo isto apenas para confessar a Vossa Santidade que, se eu e minha família preservamos a fé católica, foi graças ao combate travado por sua S. Exa. Revma. Mons. Lefèbvre. Com efeito, verificamos que ele tinha razão em convocar os católicos para lutar contra tantos desmandos e abusos.

Em 1988, quando foi assinado um protocolo de “acordo” entre a Fraternidade Sacerdotal São Pio X e a Santa Sé, no qual se previa a conveniência de que fosse sagrado um bispo eleito entre os padres da Fraternidade e, como não se superasse o obstáculo da fixação de uma data para tal sagração, pareceu-nos que Mons. Lefèbvre tinha o direito de proceder ao rito sagrado.

Decorridos tantos anos, estou convencido de que o venerável bispo agiu bem. Os frutos de sua obra são bênçãos e graças para toda a Igreja. Não tivesse ele agido com prudência e fortaleza então, certamente não existiria a Fraternidade Sacerdotal São Pedro e muitos outros institutos ligados a Ecclesia Dei Adflicta. Eu mesmo não teria sido ordenado presbítero no rito tradicional em 1996 pelo cardeal Stickler em atenção às letras dimissórias de meu antigo bispo D. Manoel Pestana Filho. E, certamente, o “progressismo católico” teria avançado muito mais como força devastadora da Vinha do Senhor.

Por isso, expresso hoje minha gratidão a Vossa Santidade e reverencio a memória dos dois bispos que ajudaram tantos católicos a conservar a fé em tempos tão atribulados.

Gostaria ainda de dizer a Vossa Santidade que são numerosíssimos os padres que o apóiam por ter, por exemplo, ordenado a correção da tradução da forma da consagração do cálice na Santa Missa e não se conformam com o descaso da hierarquia em cumprir a ordem emanada de Roma. O zelo de Vossa Santidade pelo decoro da sagrada liturgia nos conforta. Há muitos padres que desejariam seguir o exemplo de Vossa Santidade em suas paróquias, mas temem represálias da parte dos seus ordinários.

Igualmente, quero assegurar a Vossa Santidade que foi enorme a satisfação dos verdadeiros católicos com a atitude digna do arcebispo de Olinda e Recife, Dom José Cardoso Sobrinho OC, por ter recordado que os católicos que cooperaram com a prática do aborto naquela cidade incorreram em excomunhão latae sententiae. São gestos como este que confirmam os católicos em sua fé. Foi, por outro lado, vergonhoso e lamentável ver outros bispos censurarem a atitude coerente do arcebispo D. José Cardoso Sobrinho.

Seja-me permito, finalmente, rogar a Vossa Santidade uma providência especial para proteger o Brasil, o maior país católico do mundo, de uma gravíssima ameaça que paira sobre a Terra de Santa Cruz. Vivemos há quase oito anos sob um governo socialista que tem adotado uma política anticristã na área do direito da família e da vida. O atual governo tem o propósito de introduzir a legalização geral do aborto e da união civil homossexual. Tudo isto está previsto no programa político do Partido dos Trabalhadores, partido do governo. A candidata do governo à presidência da República no próximo ano já fez declarações neste sentido. Apesar da absoluta incompatibilidade de suas propostas políticas, a referida senhora tem exercido nas concentrações carismáticas o ministério de leitora nas missas, em franca campanha política. Com efeito, isto nos desconcerta.

Quando se trata de assuntos de grande relevância moral e para a salvação das almas, não se observa da parte da hierarquia tanto empenho para não dizer que há dolorosa omissão ou cumplicidade. Atitude como a de D. Cardoso é uma gota de água pura no mar morto. Mas quando se trata de assuntos técnicos ou sócio-economicos observa-se uma indiscreta ingerência, que só redunda em descrédito da Igreja. Permito-me recordar a Vossa Santidade o episódio da transposição do rio São Francisco ou mais recentemente a absurda demarcação de território indígena em região rica em minérios (uma ameaça à soberania nacional), com apoio do Conselho Indigenista Missionário, órgão ligado à CNBB.

De maneira que, diante da gravidade da situação atual do Brasil, rogo a Vossa Santidade que, assim como Pio XII (cuja memória Vossa Santidade tem reverenciado) salvou a Itália do perigo comunista arregimentando os católicos, assim também agora ajude a salvar o Brasil da perpetuação de uma tirania socialista e anticristã, que se instaurou entre nós com os préstimos da “esquerda católica”

Rogo a bênção de Vossa Santidade sobre minha pessoa e sobre todos fiéis da Capela Santa Maria das Vitórias em Anápolis, consagrada por Dom Pestana em dezembro do ano passado. Asseguro a Vossa Santidade nossas fervorosas orações ao Imaculado Coração de Maria para que Nossa Senhora o proteja da maldade dos seus inimigos.

Anápolis, 27 de março de 2009

Festa de São João Damasceno

Pe. João Batista de A. Prado Ferraz Costa

A teologia e a lógica

Postado por Admin.Capela em 05/mar/2009 - Sem Comentários

Pe. João Batista de Almeida Prado Ferraz Costa

 O grande crítico literário Sílvio Romero, na segunda metade do século XIX, debochou da teologia em sua obra A filosofia no Brasil, fazendo uma classificação das ciências na qual enquadrava a teologia como “pretendida ciência” ao lado da metafísica e da quiromancia. Isso provocou a ira do Pe. Leonel Franca que, no seu precioso livro Noções de história da filosofia, se refere com sarcasmo a Romero como o “filósofo de Lagarto” em alusão à sua terra natal em Sergipe.

Se a classificação de Romero é ridícula e destituída de qualquer valor filosófico, não deixa, entretanto, de ser uma advertência útil para quem pretenda fazer um discurso teológico consistente e com rigor lógico. Na época em que Romero escreveu, sua crítica era totalmente injusta e reveladora da ignorância que grassava em nosso meio.

Quem estuda Aristóteles e Santo Tomás, ainda que não tenha fé, tem de reconhecer a coerência do discurso filosófico e teológico.

Como se sabe, a Igreja, obedecendo a uma longa tradição, à diferença dos cismáticos orientais, faz preceder aos estudos teológicos um estudo de filosofia que forneça maior solidez de raciocínio a quem pretende refletir sobre a revelação divina.

Até meados do século passado, mais precisamente até o Vaticano II, conforme testemunho das mais pessoas mais velhas que tiveram a graça de freqüentar um seminário daqueles bons tempos, era comum o uso de grandes manuais de filosofia escolástica que introduziam o seminarista nos estudos de Aristóteles e Santo Tomás. Hoje esses manuais são raridades bibliográficas que precisariam ser reeditadas e complementadas com notas referentes, sobretudo, àqueles pontos de ligação entre a filosofia e a ciência, como, por exemplo, na área da comologia e antropologia, de maneira que se mostrasse com maior clareza a harmonia entre fé e razão à luz dos avanços da ciência no campo da física, biologia e neurociência.

Via de regra, os referidos manuais iniciavam o estudo da filosofia com uma explicação das leis fundamentais da lógica, quer dizer, ensinavam os primeiros princípios pelos quais a inteligência humana chega ao conhecimento da verdade: princípio de não contradição, princípio de exclusão do meio etc.

A filosofia moderna, fazendo tábula rasa desses primeiros princípios evidentes e indemonstráveis, transforma-se em algaravia com desastrosas conseqüências no plano da teologia. Como se sabe, os teólogos da “nova teologia” condenados por Pio XII na Humani generis (1950) tinham claro desprezo pela escolástica. Queriam uma teologia nova ao sabor da filosofia moderna. Começaram querendo uma teologia à Hegel para terminar querendo uma teologia à Marx. Basta citar o pe. Lima Vaz e o franciscano Boff, da teologia da libertação.

Até aqui chovo no molhado. Agora, desejaria dar minha modesta contribuição para esclarecer a controvérsia, que tem afligido a muitos, sobre se a Fraternidade São Pio X está em comunhão ou não com a Santa Sé.

Examine-se primeiro o problema  sob o aspecto lógico e, em seguida, veja-se sua conseqüência teológica. O princípio da exclusão do meio nos ajuda a resolver a questão: entre o estar em comunhão e o não estar em comunhão não há meio. Ora, Roma diz que a Fraternidade Sacerdotal São Pio X tem certa comunhão que se espera venha a ser uma plena comunhão

. O fato é que se afirma a comunhão. O que importa é o substantivo. O adjetivo é secundário. Homem inteligente ou homem burro. O que conta é que homem e, como tal, deve ser tratado. Como se sabe, gramaticalmente falando, a realidade se encontra no substantivo, naquilo que a coisa é, e não no adjetivo que apenas lhe indica um atributo. No caso, afirma-se a comunhão, a qual não pode ser discutida, pois não existe “meia comunhão”.  Com efeito, entre o pensar e não pensar não existe “meio pensar”, embora existam o pensamento medíocre e a teologia capenga. O adjetivo, para ser justo, tem de ser condizente com a realidade indicada pelo substantivo seja em seu ser ou em seu agir. Disto se infere quão infeliz e imprecisa a expressão cunhada pela nova eclesiologia “em plena comunhão”.

Por outro lado, a afirmação da Lumen gentium “a Igreja de Cristo subsiste na Igreja Católica” representa um problema, porque subsistir significa estar na sua substância e a Igreja não é uma substância. A Igreja é uma sociedade. Sociedade, como a definem os melhores tratadista, é uma união moral de indivíduos em vista de um fim comum. De maneira que, em rigor, a Igreja Católica é a sociedade fundada por Nosso Senhor Jesus Cristo que congrega todos os batizados  unidos entre si pelo vínculo da fé, da disciplina (obediência ao Romano Pontífice) e dos sacramentos.[1]

Na verdade, a tristemente célebre expressão da Lumen gentium, ao induzir a pensar que não existe total identificação entre a Igreja de Cristo e a Igreja Católica, favorece o esfacelamento da Igreja como sociedade e como ordem. Pulveriza a Igreja em inúmeras seitas nais quais subsistiria a Igreja de Cristo. Com razão perguntou um autor: como afirmar que a Igreja de Cristo subsiste ao mesmo tempo na Igreja Católica, que condena a ordenação de sacerdotisas e a união gay, e na Igreja Anglicana que aplaude essas aberrações?

Ademais, com base na Sagrada Escritura, a Igreja Católica sempre disse ser a Esposa de Cristo. Pois bem, se Cristo está “casado” com ela, como poderá também estar casado com as várias seitas cristãs nas quais subsistiria de alguma forma, a não ser que se admita uma poligamia teológica? A lógica é irrefragável: ou se está casado ou não se está. Não existe meio casado. Seria um absurdo e uma blasfêmia dizer que Cristo está “plenamente” casado com a Igreja Católica e “meio” casado com as várias seitas.

Conclui-se, pois, que os modernistas estão acuados. Não têm resposta. Se quiserem negar que a Fraternidade esteja em comunhão (E aqui me refiro não a uma simples comunhão com uma máquina burocrática eclesiástica, mas a uma comunhão fundada nos elementos tradicionais da Igreja), têm de obedecer à lógica, ao princípio da exclusão do meio e condenar a sua própria invencionice teológica da plena comunhão e meia comunhão.

Como se vê, o discurso teológico, se quiser ser respeitado como ciência, tem de obedecer aos primeiros princípios, sob pena de realmente merecer chacotas de mau gosto da parte dos inimigos da Igreja. Consta que Sílvio Romero, na segunda edição da sua obra, retratou-se da sua zombaria. Mas se vivesse hoje, teria um prato cheio para dizer de certa teologia que não passa de pretendida ciência.

 Anápolis, 5 de março de 2009


[1] A famosa definição paulina de Igreja como corpo místico supõe, evidentemente, o emprego do vocábulo corpo em sentido analógo. A não ser assim, teríamos de admitir uma concepção organicista de Igreja, com uma unidade física incompatível com a liberdade dos seus membros. Seria exagero indagar se a expressão  subsiste, na medida em que implica a idéia de substância, não será a causa da obsessão por padronização e uniformização segundo o modelo progressista que se verifica em amplos setores da Igreja hoje?

Franciscanos, dominicanos e lefebvrianos

Postado por Admin.Capela em 01/mar/2009 - Sem Comentários

Pe. João Batista de Almeida Prado Ferraz Costa

 A obra de restauração da Igreja empreendida com sabedoria e fortaleza pelo Santo Padre tem encontrado mil obstáculos da parte dos progressistas ignorantes e dos modernistas fátuos de sua pseudociência. Estes homens inimigos de todo o bem têm feito de tudo para impedir a regularização canônica da Fraternidade Sacerdotal São Pio X.  Por exemplo, o herege anarquista Hans küng não só criticou o papa por se aproximar dos tradicionalistas, mas sublevou o clero e os leigos da Áustria contra a nomeação de um bispo para auxiliar de uma diocese daquele país.

Cheios de hipocrisia, inconformados com o decreto de 21 de janeiro de 2009, que anula a injusta excomunhão de 1988, os modernistas, quando se referem aos quatro bispos consagrados por Mons. Lefèbvre, em tom pejorativo dizem “os bispos lefebvrianos” ou o “chefe dos lefebvrianos” ou ainda “os bispos lefebvrianos não podem celebrar missa nas igrejas católicas.”

É revoltante ver tanta hipocrisia. Como se sabe, os progressistas profanam e destroem nossas antigas igrejas, derrubam os altares, colocam  mesas luteranas na frente dos presbitérios, emprestam o lugar sagrado até para ritos satânicos (como ocorreu em Assis) fazem todo tipo de “communicatio in sacris”. Tudo isso em suas consciências deformadas está permitido. Mas oferecer aos “lefebvrianos” um altar para dizer a missa no rito romano tradicional, não, isto não. É pecado mortal!

Raça de víboras! As meretrizes vos precederão no reino dos céus!

Saibam os senhores que a obra fundada por Mons. Lefebvre teve todas as licenças canônicas. Recebeu carta de louvor da Sagrada Congregação para a Educação Católica, contou com o apoio de um dos teólogos mais respeitados do século XX, o cardeal Charles Journet. A dissolução canônica da Fraternidade Sacerdotal São Pio X  – se é que se pode empregar a palavra canônica – foi ilegal, não obedeceu à norma prevista em lei. Nullius júris. Se a excomunhão dos quatro bispos foi revogada, com muito maior razão os atos aprobatórios da fundação da Fraternidade Sacerdotal São Pio X têm de ser revalidados.

Tudo isto fica claríssimo a partir da carta do Santo Padre que apresenta aos ordinários o motu proprio Summorum Pontificum, na qual diz que a missa tradicional jamais foi proibida e que houve omissão por parte da Igreja em preservar sua unidade.

Que quis dizer o papa? Para bom entendedor, meia palavra basta. Em outras palavras quis dizer que os progressistas mentiram todos esses anos dizendo que a missa de sempre estava proibida e abusaram do poder querendo escorraçar da Igreja os católicos apegados à tradição da Igreja.

Algum progressista um pouco mais dotado intelectualmente talvez me objete: os lefebrianos foram repelidos porque rejeitaram o Vaticano II.  Respondo: e os senhores, que fizeram do Vaticano II? De um concilio pastoral, cheio de ambigüidades, sem nenhuma definição doutrinária mas cheio de apelos ao diálogo com o mundo, desses documentos pastorais – alguns em flagrante contradição com o que a Igreja havia dito e feito até 1958 – quiseram os senhores fazer um super dogma, ou tomá-los como constituição fundamental de uma nova religião. A Igreja pos-conciliar de que falava o cardeal Benelli. Uma nova religião sem dogmas, ou melhor, seu único dogma é proibir afirmar qualquer dogma. Os senhores fizeram o concílio dizer o que não era intenção dos padres conciliares. Fizeram uma missa nova que fora expressamente rejeitada pelos padres do concílio.. Daí o ódio dos senhores a Bento XVI e a  Mons. Lefèbvre e a tudo o que eles representam.

Mas acontece que o então cardeal Ratzinger chegou a escrever em 1983 a Mons. Lefèbvre: “O senhor tem o direito de dizer que há pontos do Vaticano II que dificilmente se conciliam com a tradição da Igreja.” E disse também que a Gadium et Spes era o anti Syllabus.

 De modo que, hoje, antes de uma formalização canônica, a Fraternidade São Pio X tem razão de querer, com o beneplácito do Santo Padre,  um estudo doutrinário sobre alguns pontos questionáveis do Vaticano II para dissipar a confusão que reina na Igreja.

Os progressistas, ao contrário, dando mais uma demonstração de má-fé, dizem: “Os lefebvrianos têm de aceitar o Vaticano II do nosso jeito” E ao mesmo tempo, leiloam o primado de Pedro para agradar aos verdadeiros cismáticos!

Por isso, hoje o papa esforça-se por promover a hermenêutica da continuidade. Os senhores, ao contrário, querem a ruptura com o passado. Ou quando muito, mentem dizendo que estão em continuidade. Cabe-lhes o ônus da prova. Se não o conseguirem, tenham a honestidade de retirar-se da Igreja, dizendo que querem fundar uma Igreja moderna que aceite a ordenação de sacerdotisas, o uso de preservativo, o divórcio, o controle da natalidade, a união gay, uma religião aberta ao animismo, ao culto dos lugares altos, das árvores e das águas. Enfim, uma religião em que o homem seja Deus.

Algum progressista simplório e maldoso ao mesmo tempo talvez me diga: “Os lefebvrianos são nazistas. Veja só a declaração do bispo Williamson!” Concedo que o bispo britânico foi infeliz em confiar em um repórter (que depois o trairia a serviço dos progressistas) ao dizer-lhe sua opinião equivocada sobre o genocídio praticado pelo regime criminoso de Hitler não só contra os judeus (o que seria uma mentira) mas contra ciganos, poloneses, deficientes físicos e mentais. Mas é preciso dizer que a opinião equivocada do bispo Williamson se baseia em algumas leituras que ele está disposto a rever e cotejar com outras fontes. De qualquer modo, não se pode generalizar sua opinião. O próprio pai de Mons. Lefebvre morreu em um campo de concentração.

Mas se esse progressista simplório insistisse nesse tipo de argumentação eu teria a paciência de responder-lhe: por que o senhores defendem el paredon e a ilha prisão de Fidel Castro? Arns, Casaldaliga, Silva Henriques, Boff, Betto e tantos e tantos outros defenderam o maior genocídio da história praticado pelo comunismo. Os senhores fizeram pacto com Moscou para celebrar o Vaticano II! Sim, o Vaticano II fez um acordo secreto com o partido  comunista! Em troca da participação dos cismáticos russos – a quem os senhores não chamam como tais – os senhores se omitiram, de uma forma ignóbil e imoral, sobre a maior ameaça que pesava sobre a civilização, a opressão comunista. Quanta hipocrisia, meu Deus! Tudo em nome da unidade e da paz!

Que unidade os senhores querem? Em torno do que? Não há unidade sem verdade. Os senhores não crêem no Verbo Eterno. Dom João Evangelista Martins Terra SJ prova isto em seu livro Bento XVI Adversus Haereses (2007), livro que os senhores, numa inquisição às avessas, censuraram. Quanta hipocrisia! Não só as meretrizes, mas os publicanos vos precederão no reino dos céus, reino em que senhores não crêem mais. Os deputados do “mensalão” venderam os seus votos. Os senhores traíram a Igreja.

Os senhores progressistas podem espernear já que não conseguem argumentar. Podem troçar dizendo lefebvrianos. O fato é que eles são mais católicos do que muitos que hoje têm toda documentação e provisão canônica em ordem nas cúrias diocesanas. Uma prova lídima da  catolicidade dos lefebvrianos é a bela carta que os quatro bispos enviaram ao Santo Padre a 29 de janeiro último. São lefebvrianos autênticos. Que dizer de muitos franciscanos e dominicanos? Estão mais próximos dos luteranos, como honestamente confessou um bispo italiano há poucos dias.

Anápolis, 1º de março de 2009