Betto e Francisco

Postado em 11-04-2014

Pe. João Batista de Almeida Prado Ferraz Costa

Vai ficando cada vez mais patente que a nova religião, nascida após o Vaticano II, perdeu completamente o temor de Deus, a esperança sobrenatural e transformou-se numa utopia materialista e igualitária. O inqualificável Frei Betto, em recente crônica, relata sua breve entrevista com o bispo de Roma. Informa que lhe disse extra pauperes nulla salus (com o que concordou Bergoglio) e pediu-lhe que valorizasse a teologia da libertação e reabilitasse os hereges mestre Ekhart e Giordano Bruno, ao que parece ter assentido Francisco,  respondendo-lhe que rezasse em tal intenção

Não se pode deixar passar em branco a burla feita pelo frade, burla própria mais de um cafajeste que de um herege. Própria de um cafajeste que não tem nenhuma preocupação com a salvação da sua alma e zomba daqueles que creem que a Igreja é necessária para a salvação eterna.  Burla compartilhada escandalosamente por aquele a quem foi confiada a grei de Cristo: “Apascenta os meus cordeiros” (Jo. XXI, 16).

A melhor resposta, o melhor remédio que se pode dar a tamanha desfaçatez, a uma ideia tão atrevida, é simplesmente desmascarar seu autor e correligionários mostrando que não creem no Evangelho mas apenas o instrumentalizam a seu bel prazer e a serviço de seu tenebroso projeto político revolucionário e totalitário.

Nosso Senhor disse no Evangelho: “Porque sempre tendes os pobres convosco, mas a mim não me tendes sempre” (Jo. XII, 8) repelindo a objeção levantada por Judas Iscariotes, traidor e ladrão, que censurava o desperdício do bálsamo de puro nardo  com que Maria havia ungido os pés do Senhor.

Ao contrário do que dizem os demagogos e mentirosos da nova religião, os verdadeiros Santos da Igreja Católica (penso em um São Vicente de Paulo, em um São Camilo de Lelis, em um São João de Deus) sempre tiveram verdadeiro cuidado sobrenatural com as condições mais penosas dos pobres. Mas não se reduziam a assistentes sociais e muito menos a demagogos revolucionários que semeiam o ódio entre as classes sociais em nome de um falso conceito de justiça social. Eram homens de fé que queriam sobretudo a salvação das almas e sabiam que, em grande medida, as desigualdades sociais injustas, as situações de extrema miséria, resultam de uma pobreza moral e espiritual que deve ser combatida com a pregação do verdadeiro Evangelho de Nosso Jesus Cristo que diz “Buscai pois, em primeiro lugar, o reino de Deus e sua justiça, e todas estas coisas vos serão dadas por acréscimo” (Mt. VI, 23).

A propósito, se as paredes de um motel de luxo ou de um Copacabana Palace falassem, elas poderiam dizer como grandes fortunas foram dilapidadas e famílias inteiras reduzidas à miséria por causa de adultérios e outros crimes. Esta miséria moral que arruína a família católica é que deve ser combatida com coragem pelos religiosos. Não lhes compete fazer discursos politiqueiros a pretexto de defesa dos oprimidos e explorados pelo “capitalismo neo-liberal”.

Os verdadeiros santos amigos e benfeitores dos pobres (os da Igreja de sempre) sabiam que a maior pobreza é a pobreza moral, o erro, a ignorância, o pecado, o vício que realmente destroem e corrompem o homem no que têm de mais nobre, a sua alma com a sua inteligência e vontade. Sabiam também, como já havia dito o Filósofo (tão desprezado pelos modernistas), que a vida virtuosa exige, sim, um mínimo de condições materiais para o homem ter uma vida feliz, tanto quanto possível neste vale de lágrimas. Mas nunca quiseram construir um reino  materialista e hedonista aqui na terra como se isto bastasse para a felicidade do homem.

Para encerrar estas mal traçadas linhas, quero dizer que tenho muito mais pena e lástima do Frei Betto e dos comensais da Casa de Santa Marta (que não devem ter um cardápio tão pobre assim) do que daqueles infelizes desvalidos que vivem nas “periferias” ou debaixo das pontes e viadutos das grandes cidades sofrendo terrivelmente em seus corpos mas talvez não tendo em suas almas a tamanha miséria moral de um frade cafajeste travestido em escriba de uma falsa religião humanista.

E quanto à possível (ou provável) reabilitação dos hereges mestre Eckart e Giordano Bruno (este merecida e justissimamente condenado à fogueira) quero dizer que quando as autoridades maçônicas do Reino da Itália garibaldina lhe erigiram um monumento no Campo dei Fiori, Papa Leão XIII teve a honradez de protestar veementemente. Hoje podemos esperar por mais uma cena humilhante e sórdida.

Anápolis, 11 de março de 2014

Memória de Nossa Senhora das Dores e de São Leão Magno