Economia, moral e família

Postado em 29-03-2012

Pe. João Batista de A. Prado Ferraz Costa

Acabo de ler uma interessante matéria sobre a situação econômica dos EUA e da Alemanha. O artigo é riquíssimo de ensinamentos morais e dá o que pensar.

Diz a matéria  que a Alemanha serve de modelo para os EUA saírem da crise que estão sofrendo e aponta as razões para tal, fazendo uma comparação das situações vividas por ambos países.

Além de fornecer dados econômicos e explicar as medidas adotadas pela Alemanha que lhe permitiram gozar de uma posição invejável em um mundo em crise, a reportagem fala de aspectos do problema que interessam a um católico estudioso da realidade que vivemos.

O artigo mostra como a Alemanha é um modelo de país exportador no mercado tão competitivo disputado por novas potências como a China e a Índia, enquanto os EUA gemem em consequência da  especulação financeira das bolsas de valores. E cita um conhecido economista americano que disse: “Quem me dera tivéssemos mais engenheiros mecânicos do que engenheiros financeiros”.

Fazendo uma comparação entre as economias dos dois países, diz o artigo que a Alemanha tem tido um grande sucesso porque grande parte de sua capacidade de exportação se deve à produção oriunda de pequenas e médias empresas propriedades de famílias. Essas empresas funcionam de forma distinta das suas equivalentes americanas negociadas nas bolsas de valores. As referidas empresas alemãs têm um horizonte de longo prazo e não precisam preocupar-se com os lucros do próximo semestre, contam com uma base proprietária estável, além de garantirem o pleno emprego, ainda que com a redução da jornada de trabalho, diz a matéria.

Essas informações, realmente, dão o que pensar. Fazem ver que todas as coisas estão todas interligadas. Parecem mostrar realmente o plano de Deus sobre a criação do homem: a riqueza a serviço da manutenção da família e com base em legitima propriedade. É sem dúvida uma bela lição. De fato, não pode haver uma economia saudável que faça abstração da natureza do homem e da sociedade. A exaltação da ciência econômica como ocorre no mundo de hoje que pretende gerar e administrar riquezas sem levar em consideração os dados de outras ciências mais importantes que a economia, sem levar em consideração a verdade sobre o homem em sua dimensão de ser espiritual destinado a viver no seio de uma família com valores morais e religiosos, tal exaltação da ciência econômica na verdade a corrompe e desfigura. Só poderá ter consequências amargas e desastrosas para a humanidade, como já estamos assistindo.

A economia não se basta a si mesma. Independente das ciências morais e religiosas, só poderá ser perigosa e nociva, chegando a transformar o homem num monstro materialista e agravando as injustiças na distribuição dos bens. É por isso que o grande estadista e restaurador das finanças de Portugal, Antonio de Oliveira Salazar, em célebre discurso dizia que em suas ações políticas não discutia os direitos da pátria, da religião, da família e do trabalho. São valores aos quais se deve subordinar o desenvolvimento econômico.

É chegada a hora de restabelecer a harmonia entre as ciências à luz da metafísica e da teologia. Só assim o homem poderá ser feliz, conhecendo-se bem a si mesmo, suas reais necessidades, capacidades, limites e fins.

Anápolis, 29 de março de 2012.