Franciscanos, dominicanos e lefebvrianos

Postado em 01-03-2009

Pe. João Batista de Almeida Prado Ferraz Costa

 A obra de restauração da Igreja empreendida com sabedoria e fortaleza pelo Santo Padre tem encontrado mil obstáculos da parte dos progressistas ignorantes e dos modernistas fátuos de sua pseudociência. Estes homens inimigos de todo o bem têm feito de tudo para impedir a regularização canônica da Fraternidade Sacerdotal São Pio X.  Por exemplo, o herege anarquista Hans küng não só criticou o papa por se aproximar dos tradicionalistas, mas sublevou o clero e os leigos da Áustria contra a nomeação de um bispo para auxiliar de uma diocese daquele país.

Cheios de hipocrisia, inconformados com o decreto de 21 de janeiro de 2009, que anula a injusta excomunhão de 1988, os modernistas, quando se referem aos quatro bispos consagrados por Mons. Lefèbvre, em tom pejorativo dizem “os bispos lefebvrianos” ou o “chefe dos lefebvrianos” ou ainda “os bispos lefebvrianos não podem celebrar missa nas igrejas católicas.”

É revoltante ver tanta hipocrisia. Como se sabe, os progressistas profanam e destroem nossas antigas igrejas, derrubam os altares, colocam  mesas luteranas na frente dos presbitérios, emprestam o lugar sagrado até para ritos satânicos (como ocorreu em Assis) fazem todo tipo de “communicatio in sacris”. Tudo isso em suas consciências deformadas está permitido. Mas oferecer aos “lefebvrianos” um altar para dizer a missa no rito romano tradicional, não, isto não. É pecado mortal!

Raça de víboras! As meretrizes vos precederão no reino dos céus!

Saibam os senhores que a obra fundada por Mons. Lefebvre teve todas as licenças canônicas. Recebeu carta de louvor da Sagrada Congregação para a Educação Católica, contou com o apoio de um dos teólogos mais respeitados do século XX, o cardeal Charles Journet. A dissolução canônica da Fraternidade Sacerdotal São Pio X  – se é que se pode empregar a palavra canônica – foi ilegal, não obedeceu à norma prevista em lei. Nullius júris. Se a excomunhão dos quatro bispos foi revogada, com muito maior razão os atos aprobatórios da fundação da Fraternidade Sacerdotal São Pio X têm de ser revalidados.

Tudo isto fica claríssimo a partir da carta do Santo Padre que apresenta aos ordinários o motu proprio Summorum Pontificum, na qual diz que a missa tradicional jamais foi proibida e que houve omissão por parte da Igreja em preservar sua unidade.

Que quis dizer o papa? Para bom entendedor, meia palavra basta. Em outras palavras quis dizer que os progressistas mentiram todos esses anos dizendo que a missa de sempre estava proibida e abusaram do poder querendo escorraçar da Igreja os católicos apegados à tradição da Igreja.

Algum progressista um pouco mais dotado intelectualmente talvez me objete: os lefebrianos foram repelidos porque rejeitaram o Vaticano II.  Respondo: e os senhores, que fizeram do Vaticano II? De um concilio pastoral, cheio de ambigüidades, sem nenhuma definição doutrinária mas cheio de apelos ao diálogo com o mundo, desses documentos pastorais – alguns em flagrante contradição com o que a Igreja havia dito e feito até 1958 – quiseram os senhores fazer um super dogma, ou tomá-los como constituição fundamental de uma nova religião. A Igreja pos-conciliar de que falava o cardeal Benelli. Uma nova religião sem dogmas, ou melhor, seu único dogma é proibir afirmar qualquer dogma. Os senhores fizeram o concílio dizer o que não era intenção dos padres conciliares. Fizeram uma missa nova que fora expressamente rejeitada pelos padres do concílio.. Daí o ódio dos senhores a Bento XVI e a  Mons. Lefèbvre e a tudo o que eles representam.

Mas acontece que o então cardeal Ratzinger chegou a escrever em 1983 a Mons. Lefèbvre: “O senhor tem o direito de dizer que há pontos do Vaticano II que dificilmente se conciliam com a tradição da Igreja.” E disse também que a Gadium et Spes era o anti Syllabus.

 De modo que, hoje, antes de uma formalização canônica, a Fraternidade São Pio X tem razão de querer, com o beneplácito do Santo Padre,  um estudo doutrinário sobre alguns pontos questionáveis do Vaticano II para dissipar a confusão que reina na Igreja.

Os progressistas, ao contrário, dando mais uma demonstração de má-fé, dizem: “Os lefebvrianos têm de aceitar o Vaticano II do nosso jeito” E ao mesmo tempo, leiloam o primado de Pedro para agradar aos verdadeiros cismáticos!

Por isso, hoje o papa esforça-se por promover a hermenêutica da continuidade. Os senhores, ao contrário, querem a ruptura com o passado. Ou quando muito, mentem dizendo que estão em continuidade. Cabe-lhes o ônus da prova. Se não o conseguirem, tenham a honestidade de retirar-se da Igreja, dizendo que querem fundar uma Igreja moderna que aceite a ordenação de sacerdotisas, o uso de preservativo, o divórcio, o controle da natalidade, a união gay, uma religião aberta ao animismo, ao culto dos lugares altos, das árvores e das águas. Enfim, uma religião em que o homem seja Deus.

Algum progressista simplório e maldoso ao mesmo tempo talvez me diga: “Os lefebvrianos são nazistas. Veja só a declaração do bispo Williamson!” Concedo que o bispo britânico foi infeliz em confiar em um repórter (que depois o trairia a serviço dos progressistas) ao dizer-lhe sua opinião equivocada sobre o genocídio praticado pelo regime criminoso de Hitler não só contra os judeus (o que seria uma mentira) mas contra ciganos, poloneses, deficientes físicos e mentais. Mas é preciso dizer que a opinião equivocada do bispo Williamson se baseia em algumas leituras que ele está disposto a rever e cotejar com outras fontes. De qualquer modo, não se pode generalizar sua opinião. O próprio pai de Mons. Lefebvre morreu em um campo de concentração.

Mas se esse progressista simplório insistisse nesse tipo de argumentação eu teria a paciência de responder-lhe: por que o senhores defendem el paredon e a ilha prisão de Fidel Castro? Arns, Casaldaliga, Silva Henriques, Boff, Betto e tantos e tantos outros defenderam o maior genocídio da história praticado pelo comunismo. Os senhores fizeram pacto com Moscou para celebrar o Vaticano II! Sim, o Vaticano II fez um acordo secreto com o partido  comunista! Em troca da participação dos cismáticos russos – a quem os senhores não chamam como tais – os senhores se omitiram, de uma forma ignóbil e imoral, sobre a maior ameaça que pesava sobre a civilização, a opressão comunista. Quanta hipocrisia, meu Deus! Tudo em nome da unidade e da paz!

Que unidade os senhores querem? Em torno do que? Não há unidade sem verdade. Os senhores não crêem no Verbo Eterno. Dom João Evangelista Martins Terra SJ prova isto em seu livro Bento XVI Adversus Haereses (2007), livro que os senhores, numa inquisição às avessas, censuraram. Quanta hipocrisia! Não só as meretrizes, mas os publicanos vos precederão no reino dos céus, reino em que senhores não crêem mais. Os deputados do “mensalão” venderam os seus votos. Os senhores traíram a Igreja.

Os senhores progressistas podem espernear já que não conseguem argumentar. Podem troçar dizendo lefebvrianos. O fato é que eles são mais católicos do que muitos que hoje têm toda documentação e provisão canônica em ordem nas cúrias diocesanas. Uma prova lídima da  catolicidade dos lefebvrianos é a bela carta que os quatro bispos enviaram ao Santo Padre a 29 de janeiro último. São lefebvrianos autênticos. Que dizer de muitos franciscanos e dominicanos? Estão mais próximos dos luteranos, como honestamente confessou um bispo italiano há poucos dias.

Anápolis, 1º de março de 2009