Para entender o Tio Donald

Postado em 20-11-2016

Enviado pelo Moderador na Sexta, 11/11/2016 – 18:35.

Um aporte à confusão geral

MARCELO GONZÁLEZ

Tradução: Frei Zaqueu (freizaqueu@gmail.com)

“O plano da Revolução Mundial para a unificação e nivelação do mundo no econômico, no político, no cultural-religioso marcha a um passo veloz. Esta ação se faz sensível ao olho observador em mil detalhes da vida universitária, das gestões econômicas, militares, políticas e da atividade religiosa.

“Sem embargo, grandes obstáculos se opõem a este Governo Mundial.

“Em primeiro lugar, existe uma resistência natural na idiossincrasia própria de cada povo que não quer submeter-se a um tipo standard e uniformizado de domesticação. Os povos resistem a ser manejados como rebanhos, por muito que este manejo se dissimule sob os atrativos da publicidade psicotécnica. E esta resistência se mostra tanto no plano econômico-político como no religioso. É claro que esta resistência, mais passiva que ativa, não seria suficiente para deter os planos do Poder Oculto que dispõe de poderosos meios para dobrar a vontade dos povos.

“Os obstáculos mais efetivos que tornam difícil se não impossível de momento o governo mundial, são a luta de interesses e ambições às vezes pessoais que por razões geopolíticas ou históricas surgem no panorama mundial.”

É um texto de uma mente ordenada e católica. Tem o seu tempo, é de 1967. As coisas são muito piores hoje, mas a direção dos assuntos mundiais, incluídos os religiosos (já tinha passado o Concilio Vaticano II), estava claramente posta sobre a mesa.

O resgato porque vejo duas tendências contraditórias entre a gente de pensamento tradicional: Donald Trump é o Anticristo vs. Donald Trump é o salvador do Ocidente. E em ambos juízos há uma carência essencial, qual seja, que o que sabemos dele não alcança para justificar nenhum dos dois juízos. Talvez se possa avaliar com maior precisão em uns meses, se é que o Tio Donald viva tanto. Pelo menos do que tem prometido, inclusive quando não pense cumprir, vários receberam efetivos disparos de algum “louco perturbado” ou de um “lobo solitário”.

O que hoje sabemos, porque está à vista, é que Trump, com sua campanha-movimento tem sacudido as placas tectônicas que sustentam os EE.UU. e o Establishment (Washington, Wall Street, Hollywood, Planed Parenthood, a Reserva Federal, o lobby LGBT… boa parte do episcopado católico). E fora dos EE.UU.: a Comunidade Europeia, a Nato, as Nações Unidas, a City londrina, o Congresso Mundial Judeu, a Liga Antidifamatória, o Vaticano –este Vaticano em particular– etecetera), estão comovidos.

Exemplos: Benjamin Netanyahu, Primeiro Ministro de Israel, exulta de alegria. Por fim se livra dos Obama-Clinton, verdadeira ameaça para Israel. A Duma (parlamento russo) estourou em uma aclamação quando se soube da notícia. As palavras de Putin foram as mais precisamente cálidas dentro do estilo diplomático. No Irã, os aiatolás grunhiram protestos e mostraram as garras para defender seu plano nuclear. Raul Castro mandou mobilizar tropas para exercitar-se ante uma ameaça militar. Os partidos que lutam por um Brexit generalizado elevaram hurras em vários idiomas: francês, inglês, italiano, húngaro. México está em pânico, ao menos sua classe política. Na Argentina não param de fazer papelões, inclusive a muito profissional chanceler Malcorra. Michelle Bachelet chora pelos rincões. Álvaro Uribe se reafirma em seu projeto de resgate da Colômbia… O Cardeal Raymond Burke acaba de declarar em uma longa entrevista que concede crédito às promessas de Trump, porque conhece muitos dos 25 assessores católicos do presidente eleito e lhe concedem maior estima.

Não é comum ver que habitantes dos EE.UU. interditem uma autopista (várias) e queimem pneus (ao melhor estilo argentino), protestando contra o recém eleito “que não é nosso presidente”, enquanto os povos rurais do Meio Oeste acodem aos seus templos para dar graças a Deus.

Francisco, pouco antes da eleição elogiou Hillary. E pouco depois aludiu mal a Donald, novamente. As declarações de François Hollande podem sublinhar-se com um adjetivo bem acadêmico: foram uma verdadeira mariconada. E isso que os franceses são os príncipes da diplomacia.

Os que têm o grande poder da imprensa decretaram “dor mundial” por tempo indeterminado. Desde o periodista da CNN que comoveu o mundo com seu discurso perguntando-se o que diria ao seus filhos no dia seguinte até os nossos mequetrefes da TN [nossa Globo, por exemplo – ndt] que editorializaram longamente como se a eles lhes atingissem algo.

Todo este tremor porque se produziu um fenômeno que já se vinha manifestando em distintos lugares: Rússia decidiu colocar-se ante o “Ocidente” e impedir que colapse o Oriente Médio. Os britânicos cortaram a ponte (tão exortada por Francisco) com a C.E. Os húngaros votaram que não queriam um ingresso irrestrito de presuntos refugiados, ao menos uma boa parte deles, cujos motivos e intenções não ficam claros. Colômbia votou contra o nefasto acordo com as FARC (S.A. de sequestros, narco e assassinatos por encomenda) auspiciada pela tríade Obama, Castro, Francisco. O presidente do Peru, sem aviso prévio, consagrou sua nação ao Coração Imaculado de Maria em uns termos que não ouvíamos desde Pio XII.

O que são estes tremores? Me parece que forma parte de uma resistência natural na idiossincrasia própria de cada povo que não quer submeter-se a um tipo standard e uniformizado de domesticação. Os povos resistem a ser manejados como rebanhos, por muito que este manejo se dissimule sob os atrativos da publicidade psicotécnica. Fica claro que esta resistência se mostra tanto no plano econômico-político como no religioso. De fato muitos destes triunfos dos movimentos de reação anti governo mundial –tanto mais, ante seus slogans- foram precedidos por cadeias de oração, novenas públicas e cruzadas de rosários…

O que sairá daqui? Impossível dizê-lo. É um advento ou um estertor futuro? Deus dirá. Sem dúvida há muito da luta de interesses e ambições às vezes pessoais que por razões geopolíticas ou históricas surgem no panorama mundial. Mas Deus se vale repetidamente de quem buscam sua própria glória ou poder para realizar seus desígnios.

Dizem alguns homens expertos na política e essas coisas que o que Trump iniciou nos EE.UU. não se poderá deter, é um ressurgimento da América profunda que quer ser decente, viver de seu trabalho e respeitar a ordem natural e os bons costumes. Deus queira, haverá que ver.

Enfim, para entender o Tio Donald o único que se pode fazer é esperar, observar e constatar. O que faz, o que não faz, o que produz sem querer ou voluntariamente. E como repercute no resto do mundo, em especial no futuro da Rússia, país eleito pela Virgem.

Ah! Já me olvidava. O texto citado acima é de um tal Julio Meinvielle, padre paroquial. Está em um folheto amarelado que guardo em minha biblioteca e forma parte de um ensaio sobre “O Estado Atual da Revolução Mundial (Original: El Estado Actual de la Revolución Cultural)”. Caso sirva a informação.

_________________

Fonte: http://panoramacatolico.info/articulo/para-entender-al-tio-donald