Art. 8 – Se a soberba deva ser considerada como vício capital.

O oitavo discute–se assim. – Parece que a soberba deve ser considerada como vício capital.

1. – Pois, Isidoro e Cassiano enumeram a soberba entre os vícios capitais.

2. Demais. – Parece que a soberba é o mesmo que a vanglória, pois, ambas buscam a excelência. Ora, a vanglória é considerada como vício capital. Logo, também a soberba deve ser considerada como vício capital.

3. Demais. – Agostinho diz que a soberba gera a inveja e nunca existe sem essa companheira. Mas a inveja é considerada como vício capital, como se disse. Logo, com muito maior razão a soberba.

Mas, em contrário, Gregório não enumera a soberba entre os vícios capitais.

SOLUÇÃO. – Como do sobredito resulta, a soberba pode ser considerada a dupla luz: primeiro, em si mesma, isto é, como um determinado pecado especial; segundo, enquanto tem uma certa e universal influência sobre todos os pecados. Ora, vícios capitais consideram–se certos pecados especiais de que nascem muitos gêneros de pecados. Por isso alguns, considerando a soberba, enquanto um certo especial pecado, a enumeravam entre os outros vícios capitais. Mas, Gregório, levando em conta a influência universal que ela exerce sobre todos os vícios, como dissemos, não a enumera entre os vícios capitais, mas a considera como a mãe e a rainha de todos os vícios. Por isso diz: A soberba como rainha dos vícios, quando venceu e dominou plenamente o coração, logo o entrega, para o devastarem, aqueles sete vícios principais, que são como uns chefes seus, donde nasce a multidão dos pecados.

Donde se deduz clara a RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO.

RESPOSTA À SEGUNDA. – A soberba não é o ‘mesmo que a vanglória, mas, é lhe a causa. Pois, a soberba deseja uma excelência desordenada; ao passo que a vangloria deseja a manifestação da excelência.

RESPOSTA À TERCEIRA. – Do fato de a inveja, que é um vício capital, nascer da soberba, não se segue seja ela um vício capital; mas, que é mais principal que os vícios capitais.