Um textão de ação de graças

Postado em 28-11-2017

“Ai de mim se não aproveitar o tesouro que tenho e, mais importante, se não aprender com os grandes exemplos de virtude dos meus irmãos e irmãs de capela.”

Patrícia Medina

Sempre achei textão de facebook uma coisa meio tola…Um pouco como o famoso Recanto do Orador londrino no Hyde Park. Mas vou me permitir subir no meu banquinho digital e fazer o dito “textão”. Um textão de ação de graças.

Domingo passado tivemos o nosso último encontro de mocinhas de 2017 na nossa Capela. O meu coração e o da minha comadre estavam transbordando de gratidão. Um ano em que as meninas tiveram formação com o padre João sobre as vidas dos santos e diversas virtudes: justiça, fé, piedade, caridade, paciência, esperança. Aprenderam com o padre como deviam rezar e oferecer pequenos sacrifícios pelos sacerdotes. Aprenderam sobre o decoro devido na casa de Deus, como fazer genuflexão ao entrar, como botar o véu (antes de entrar na capela e tirá-lo somente depois de sair dela), como beijar as mãos consagradas do sacerdote, como sentar como mocinhas, etc. Fizeram várias atividades de artesanato, riram bastante, correram, lancharam, pularam. O cerne do encontro de mocinhas, como podem ver, é o resgate de tudo o que é católico (e que se perdeu na tragédia pós-conciliar), para maior glória de Deus. Que alegria ver uma nova geração de “senhoras da capela” se formando e experimentando a saúde, a beleza, a “pastoralidade” (por falta de palavra melhor) da nossa santa religião como coisa normal! Bendito seja Deus!

Mas o encontro de mocinhas (e o de rapazinhos, onde aprenderam muito também e soltaram pipa, comeram fruta no pé, andaram a cavalo, pintaram paredes) é só um dos muitos frutos da nossa abençoada capela. Um lugar que tem a atração de um ímã poderoso. Atenção (e cuidado!) aos visitantes: quem visita a Capela Santa Maria das Vitórias acaba fazendo planos malucos de se mudar para Anápolis! Temos um punhado de histórias de famílias e de jovens que fizeram ou desejam fazer exatamente isso.

Mas o que tanto atrai as pessoas à essa capela? A caridade do padre que é um pai para todos os seus filhos? Suas homilias sólidas e corajosas? As aulas de Catecismo dadas pelo padre? O coral extraordinário que temos (meu Deus, que coral!!!)? A beleza barroca da capela? A reverência e piedade dos rapazes que servem às Missas? O nosso santo sacristão? As filas de confissão cada dia maiores, mesmo nas Missas diárias? Uma quantidade robusta de jovens que amam tanto Maria Santíssima? O clima bucólico de uma capelinha entre muitas árvores, passarinhos e até macaquinhos (a parte dos macaquinhos não é das coisas que eu gosto na capela, hahaha)? O bazar onde todos se ajudam e saem ajudados? As festas comunitárias onde reina a caridade? Sobretudo a vida de piedade da capela, onde Missas, terços, novenas, adorações ao Santíssimo Sacramento, tudo isso se multiplica na rotina santificante de uma comunidade que confia em Deus e espera a vida eterna no exato cumprimento do seu dever e na convivência com os irmãos? Sim. Tudo isso. Pensei tudo isso depois da homilia do padre sobre as vocações. Afinal, o que atrai todos à esta capela é Ele, é Nosso Senhor!

E aqui pasmariam os modernistas! Eles nos acusam de viver nas nuvens, de sermos doutores da lei, pouco preocupados com a “vida aqui embaixo”. Gritam aos quatro ventos que julgamos, que não temos misericórdia, que somos um gueto de adoradores litúrgicos. Ah…. como os modernistas se calariam com a nossa capela! Na minha capela se ama Jesus se amando o irmão. Soou TL? Pois amar Nosso Senhor amando o próximo é católico! Tradicionalmente católico! Não vou ser vulgar e nomear as pessoas em questão que, na sua humildade, se creem tão normais, (os santos mais doces são aqueles escondidos até de si mesmos!): temos muitos exemplos edificantes de virtude heroica nessa capela. Pessoas dadas à prática de boas obras, pessoas que abraçam heroicamente o sofrimento dando graças a Deus, pessoas que socorrem os que sofrem, pessoas que confiam na Providência Divina como crianças confiam na melhor das mães. Temos fiéis corajosos, que não se abatem diante da pobreza (sim, nossa capela tem muitos pobres, gente corajosa e trabalhadora). Em cinco anos de capela, nunca ouvi fofoca de nenhum dos meus irmãos. E as dores da vida são compartilhadas não em tom de reclamação, senão com a paciência própria de quem tem fé e a mortificação própria de quem espera o socorro do céu com o auxílio das orações dos irmãos. Nessa abençoada capela, se ama Cristo se amando o próximo. Não que seja uma capela de gente perfeita. Longe disso. Mas é uma capela de gente que tenta. E como tenta!

Cada novo bebê nascido, cada Batismo, cada passo nesse vale de lágrimas é celebrado por todos. Sei que o meu sofrimento particular de 2017 está nas intenções das orações de tantas famílias. Minha família também se ajoelha e reza diariamente por esta ou aquela família que está precisando de orações. Nessa bendita capela, amamos os nossos irmãos, amamos a Deus.

Penso que fui colocada ali por misericórdia de Deus. Depois de alguns anos de exílio, sem paróquia, sem comunidade, sem padre, sem Missa regular, sem Catecismo, sem confissões e direção espiritual, fui colocada ali como se coloca uma planta numa estufa: para crescer e ser transplantada daí para o meu lugar definitivo: o céu. Ai de mim se não aproveitar o tesouro que tenho e, mais importante, se não aprender com os grandes exemplos de virtude dos meus irmãos e irmãs de capela.

Bendito dia em que meu marido viu a postagem no Fratres in Unum sobre essa capela e disse: vamos para lá! (Rezo sempre pelo “Ferreti” desde então). Valeu a pena. Ai de mim se não aproveitar tão grande graça.

Viva Jesus! Viva Maria!

Obs: vídeo das meninas cantando o Adeste depois de 30 minutos de ter aprendido a música e ensaiado. A desafinação no meio é muito fofa….