XX domingo depois de Pentecostes

Postado em 07-03-2008

Em Nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.

 

Meus queridos irmãos.

A missa de hoje convida-nos a falar da virtude da prudência.

Diz o Apóstolo: “Irmãos: tende cuidado em andar com prudência.”

A prudência é uma virtude moral que aperfeiçoa a inteligência do homem. O catecismo de São Pio X nos dá uma bela definição de prudência: é a virtude cardeal que dirige toda ação ao devido fim, e por isso procura os meios convenientes  para que a ação seja em tudo bem feita, e portanto aceita ao Senhor.

É importante frisar: dirige toda ação ao devido fim, para que seja aceita ao Senhor.

Sem a prudência, todas as nossas obras ficam desnorteadas. Até mesmo nossas práticas de piedade e caridade, por mais reta que seja nossa intenção.

O Apóstolo exorta-nos a procurar conhecer a vontade de Deus. Pois é a prudência que nos permite conhecê-la em concreto. De forma abstrata, genérica, a vontade de Deus está expressa no Decálogo, nos conselhos evangélicos. Mas para concretizá-la em nossa vida precisamos ser guiados pela prudência e pelas ordens legítimas dos nossos superiores.

Disse que a prudência é necessária para guiar nossas práticas religiosas. Um exemplo ilustrará o caso.

O Santo Padre ordenou a correção da tradução da fórmula da consagração do vinho na missa. Isto foi em agosto de 2006. E determinou que durante dois anos se explicasse ao povo fiel a necessidade de tal correção, de maneira que nas próximas edições do missal de Paulo VI já estivesse inserida a forma correta. É ordem de Roma!

O texto latino da consagração diz: “pro vobis et pro multis” (por vós e por muitos). Uma tradução falsa diz: “por vós e por todos”, contradizendo o ensinamento infalível do Concílio de Trento que diz no Catecismo Romano:

“De fato, se considerarmos sua virtude, devemos reconhecer que o Salvador derramou seu sangue pela salvação de todos os homens. Se atendermos, porém, ao fruto que os homens dele auferem, não custa compreender que sua eficácia não se estende a todos mas só a” muitos” homens. Dizendo por vós, Nosso Senhor tinha em vista, quer as pessoas presentes, quer os eleitos dentre os judeus como os discípulos, com exceção de Judas. No entanto, ao acrescentar “por muitos”, queria aludir aos outros eleitos, fossem judeus ou gentios. Houve, pois, acerto em não dizer “por todos”, visto que o texto só alude aos frutos da Paixão, e esta surtiu efeito salutar unicamente para os escolhidos.”

 Esta a explicação do catecismo emanado do Concílio de Trento contra os erros protestantes,

Meus queridos irmãos. O Santo Padre tem feito esforços enormes para restaurar a liturgia como expressão autêntica da fé católica. Aliás, ele disse que a crise da Igreja hoje deriva de uma crise na liturgia.

É nosso dever ajudá-lo nessa obra na qual ele encontra tanta resistência e má vontade. A virtude da prudência nos dirige nessa ação. A virtude da prudência nos diz que devemos dar todo apoio ao motu proprio do Papa Bento XVI que reconhece o pleno valor jurídico do missal romano tradicional, mais conhecido como missal de São Pio V. Que é um rito puro, sem nenhum erro ou imprecisão doutrinária. A virtude da prudência levou-nos a construir a capela Santa Maria das Vitórias para abrigar essa liturgia venerável.

Ao contrário, a imprudência leva os insensatos a continuar dizendo “por vós e por todos”. Quer dizer, para eles, se o inferno existe está vazio. Que Nossa Senhora, Virgem prudente, nos preserve de tamanha loucura.

 

Seja louvado Nosso Senhor Jesus Cristo!

 

Pe. João Batista de Almeida Prado Ferraz Costa