João Paulo II narra:
“Guarda estas palavras, porque são palavras de um papa. Conserva-as para aqueles que tu encontrarás na Igreja do terceiro milênio. Vejo a Igreja afligida por uma chaga mortal. Mais profunda, mais dolorosa, mais mortal se comparada com as deste milênio. Chama-se islamismo. Invadirão a Europa. Vi as hordas provenientes do Oriente. Invadirão a Europa, a Europa será um celeiro, velhas relíquias, penumbra, teias de aranha. Recordações de família. Vós, Igreja do terceiro milênio, devereis conter a invasão. Mas não com as armas, as armas não bastarão, com a vossa fé vivida com integridade”.
Acrescenta o monsenhor que o papa elencou os países pelos quais se devia temer, mas na entrevista não são citados.
Comentário do articulista: “Em 1993 teria sido mais difícil imaginar uma situação como a atual”.
Réplica nossa: estranho que fosse difícil 1) porque já em Poitiers (732), já em Lepanto (1571), já em Viena (1638) o Islão tentou escravizar a cristandade; 2) porque isto significavam as ameaçadoras “profecias” do falecido presidente argelino Houari Boumediènne que, em 1972, previu a invasão islâmica do terceiro milênio feita por jovens, mulheres e crianças; 3) porque outras vozes respeitáveis haviam prevenido a Europa quanto ao perigo iminente, entre as quais ida Magli e Oriana Fallaci.
Mas o tema da nossa intervenção não é tanto investigar sobre como e quando intervir para conter o fluxo massivo de clandestinos islâmicos quanto descobrir a contradição que explode entre Wojtyla “extático” e Wojtyla desperto. Sim, porque no que concerne a esta trágica história tudo é estridente na conduta de João Paulo II que, a distância de 24 anos, nos vem apresentado como aquele que havia advertido, o qual, se ainda fosse vivo, poderia dizer-nos “Bem que vos avisei!”
Contudo, contudo… João Paulo II é o mesmo que acordado:
1 – Aos 11 de dezembro de 1984 mandou um representante seu para assistir ao lançamento da pedra fundamental da primeira mesquita de Roma – a maior da Europa – aprovando assim a falsa religião do Islão que nega a Santíssima Trindade, a Divindade de Cristo e persegue os cristãos;
2- Organizou, em outubro de 1996, em Assis, o primeiro festival multi-religioso, convencido, como afirmou no discurso aos cardeais aos 22 de dezembro, que qualquer oração autêntica – e portanto também a oração islâmica, budista, animista, induísta, luterana, anglicana, hebraica – é movida pelo Espírito Santo que está presente, de maneira misteriosa, no coração de cada homem, renegando, deste modo, o salmo 95 – palavra de Deus – que, no versículo 5, afirma “omnes dii gentium daemonia” – todos os ídolos dos pagãos são demônios;
3- Em uma audiência “ecumênica”aos 12 de dezembro de 1986, concedida ao grande mufti da Síria, Ahmed Kaftaro, importante autoridade muçulmana, houve por bem confessar: “Todos os dias leio um trecho do Corão”;
4- Em visita ao Sudão – fevereiro de 1993 – terminou o seu discurso dando a bênção em nome de Alá, com a fórmula “Baraka Allah as-Sudan” (Alá abençoe o Sudão) – L’Osservatore Romano 15 de fevereiro de 1993 – exprimindo o reconhecimento ao governo sudanês por tanta estima demonstrada para com a Igreja católica, não recordando João Paulo II que, de maio de 1983 a 1993, tinham sido massacrados, por aquele regime, mais de 1 milhão e 300 mil sudaneses, entre os quais milhares de cristãos católicos;
5 – Reconheceu valor salvífico a todas as religiões cujos fundadores – Maomé, Buda, Lao Tse, Zoroastro, Confúcio – “realizaram, com a ajuda do Espírito de Deus, uma mais profunda experiência religiosa” (O.R. 10 de setembro de 1998), pondo Jesus, Filho de Deus e segunda Pessoa da Trindade, no mesmo plano dos falsos e pagãos profetas, anunciador de uma sua pessoal “experiência”.
6- Diante de uma delegação cristão-islâmica iraquiana, aos 14 de maio de 1999, beija o Corão que, conforme ele mesmo revelou, é um livro que lê diariamente;
7- Aos 13 de abril de 2000 recebe em audiência privada o jovem soberano e chefe espiritual do Marrocos islâmico, Mohamed VI, filho do falecido rei Hassan II, saudando-o como descendente direto do profeta Maomé”;
8- Aos 6 de maio de 2001 – o primeiro papa em tal circunstância – visita a mesquita de Omar, rezando com as autoridades locais islâmicas;
Estes são os atos “ecumênicos” documentados e incontestáveis, que mostram a dupla personalidade de João Paulo II, um papa que, enquanto, no êxtase noturno, teve uma visão da horda islâmica e nos exorta a ser vigilantes, na vigília diurna, lhe abre as portas da Europa. E não se deve dizer que a suposta visão – ou, talvez, mais provavelmente um sentimento de culpa que se materializou sob a forma de uma visão noturna – se verificou pouco antes de sua morte, de maneira que se possa considerar como uma tardia mas eficaz tomada de consciência e de autêntico pedido de perdão que se soma aos precedentes pedidos que ele, em nome da Igreja, havia feito: mea culpa pelas iniquidades com que a Esposa de Cristo se havia manchado, no curso da sua história: as cruzadas, ditaduras, antissemitismo, inquisição, escravidão, mafia, racismo, guerras de religião, conflitos com a ciência, humilhação da mulher, shoah…
E por que agora a testemunha, mons. Longhi, se decide a revelar esta advertência a distância de 24 anos, quando a invasão é em pleno fluxo, incontrolável? Quer fazer-nos crer que o “santo” papa vaticanosecundista, com esta sua revelação, gozava do dom de profecia? E se assim fosse, porque a confiou a uma só pessoa e não à comunidade católica? E por que, conquanto conhecesse antecipadamente os desenvolvimentos de um fenômeno, inicialmente migratório, que se revelou depois uma verdadeira invasão, calou-se continuando a dispensar diplomas e atestados de credibilidade e de verdade ao Islão? Santidade, para que partido jogastes?
Com qual fé devemos resistir às hordas? Com uma igual à sua, saudável à noite e enferma de dia, que se assemelha à covardia, à hipocrisia, ao oportunismo ou, deveríamos dizer, à apostasia?
E assim, eis-nos invadidos, imbeles, seduzidos pelo melaço do acolhimento, na teia pegajosa de um bergoglismo que, com atos de uma traição à Iscariotes, está entregando nas mãos dos inimigos a pequena grei de Cristo.
Exsurge, Domine!
L.P.