santamariadasvitorias@gmail.com
Missas cantadas aos domingos às 10:00 h e 18:00 h
Missas rezadas durante a semana às 18:30 h
Publicado em: 08/09/2025

Um dos alvos da Revolução nos dias atuais é, sem dúvidas, a cultura consumida pelas massas, os teóricos da Escola de Frankfurt foram sistemáticos ao afirmarem isso. Theodor Adorno recomendava nas suas “Ensaios sobre a música” a quebra dos padrões clássicos chamados por ele de “padrões prontos” em favor da atonalidade, do dodecafonismo para um fruto mais puro e maduro da reflexão do ouvinte.

A essas proposições se põe em contrário o autor neurocientista Minh Dung Nghiem no célebre “Musique, intelligence et personnalité” onde ele constata após
estudos na área que o contato do intelecto humano com essas expressões musicais pode interferir no Quociente de Inteligência (QI) do indivíduo em médio e longo prazo, diminuindo as capacidades de raciocínio e decifração lógica de um mesmo exercício intelectual de maneiras diversas.

Com a ascensão de músicas “menos complexas”, ritmos eufóricos, bases eletrônicas de rápida composição e consumo com usos de poucos instrumentos (e quando não isso) atonais como funk, rap, poesias acústicas, que é de contínuo uso das novas gerações, fica evidente a drástica redução do espírito crítico e apreciativo das massas que as consomem quando são apresentados a qualquer composição minimamente mais elevada. A maioria não é capaz sequer de reparar as nuances das notas musicais com qualquer emoção que seja evocada em si, coisa que é quase que inata, ouvir por exemplo uma peça de órgão e sentir a maestria e seriedade que surge da audição da obra, ou então um canto sacro e perceber a leveza e calma expressa nas entrelinhas da notação.

Recentemente, como parte da matéria de Artes estudamos no colégio alguns tópicos da música Oitocentista Brasileira, tanto em matéria erudita como popular. O espanto de estranheza da turma foi quase unânime ao ouvir uma modinha barroca e a magnífica ópera “O Guarani” que não conheciam nem de ouvir o Jornal A Voz Do Brasil. O pobre de meu professor da matéria, de bom músico que é, fica animadíssimo quando o tema das aulas é música em qualquer de seus gêneros, mas acaba quase que falando sozinho como quem fala a quem não sabe o que ouve.

Assim está a relação dos jovens com a música, uma relação de léguas. A mesma geração que tem intimidade com o fone de ouvido e com as plataformas online como Spotify, não conhece nem sequer a título de curiosidade o nome dos grandes compositores de seu próprio país.

Platão na sua República dizia que se conhece um Estado pelas músicas que o governo dá ao seu povo. Como está o Governo do Brasil? Como estão as pessoas do Brasil? Não carece nem resposta…

Há um mal que o povo brasileiro sofre sem dar-se conta:

Apeirokalia. Apeirokalia é a falta de experiência com coisas mais belas e excelentes, essas experiências atuam no indivíduo de modo a formar o senso das proporções e o critério de belo e elevado. Para o indivíduo afetado por essa “patologia” tudo parece igual, tudo dá no mesmo, ele não lê um livro clássico, não ouve uma boa música e não se aperfeiçoa nas artes.

***

Hoje em dia já são bem conhecidos os efeitos da terapia musical (musicoterapia) para educação e recuperação tanto de crianças quanto de adultos afetados pela ansiedade, pela depressão e até em casos de Transtorno de Espectro Autista, colaborando muito para evolução seja qual for a condição do paciente. O tratamento sempre obedece a alguns pilares gerais como o Princípio de Tonalidade, Princípio Homeostático, Princípio de Iso, Princípio de Ethos e outros. Desses tais, gostaria de tratar do Princípio Homeostático que parte do fato de que o organismo humano sempre tem uma tendência inata a busca da harmonia e o equilíbrio para manutenção de sua saúde. Ora, se o Ser Humano tem uma propensão natural à ordem e ao equilíbrio, que sentido faz consumir elementos que em nada são relativos a essa ordem e equilíbrio? Para que o indivíduo buscaria um fator externo que não é harmônico correndo o risco de ter sua saúde
afetada? Essas são algumas proposições que não se podem negar.

Mas se por um lado a música é tão terapêutica, por que é que o Estado não investe em boa música para o consumo da população? Por que, do contrário, se investe em artistas que produzem ruídos que contrariam esse Princípio Homeostático? Não pode haver outra resposta senão essa: tudo faz parte de uma campanha intencional visando à perda do caráter crítico e reflexivo do homem moderno, de modo que ele fique tão anestesiado que não tome conta do universo ao seu redor.

Música é energia, é padrão vibratório, é matéria que molda a alma e o intelecto. A má música tem o poder de incorporar comportamentos que não são próprios do homem racional, ao passo que a boa música eleva a alma e conduz à plena ordem e harmonia que é Deus.

Luís Gustavo Luchesi Silva