Festa de Nossa Senhora Aparecida – 2025
Em Nome do Pai.
Meus caros irmãos.
É sempre com grande alegria que nós brasileiros, todos os anos a 12 de outubro, assistimos à santa missa em honra de Nossa Senhora Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil para glorificá-la e agradecer-lhe todos os benefícios que nos dispensa a todos nós seus filhos.
Realmente, como nos fortalece e enche de confiança nossa Santa Rainha. Mas é preciso que correspondamos melhor às graças que Ela nos obtém do seu Divino Filho. É preciso também que lhe peçamos que avive mais nosso arrependimento por tanta infidelidade, a fim de que nos emendemos de nossos defeitos.
Como bem sabemos, o Brasil tem sérios problemas para resolver urgentemente, tem graves desafios a enfrentar. São problemas e desafios que eu diria humanamente insolúveis. Só com o auxílio de Deus e pela intercessão de Nossa Senhora poderão ser bem encaminhados e enfrentados.
Como os outros povos, temos qualidades e defeitos. E os problemas do Brasil têm, em grande medida, sua origem em nossos defeitos como povo, em nossa índole. Não é à toa que o maior escritor brasileiro, Machado de Assis, dizia que o povo brasileiro tem o defeito de levar na brincadeira as coisas sérias e de levar a sério as coisas de brincadeira. É por isso que as coisas no Brasil há muitos anos vão mal: muitos brasileiros levam a sério o carnaval e o futebol e levam na brincadeira a administração da coisa pública, não têm senso de responsabilidade. A honra de muito brasileiro está em jogo quando se fala do seu time de futebol ou da sua escola de samba preferida, e não no cumprimento dos seus deveres para com Deus, com a Pátria, a família e o trabalho.
É absolutamente necessário mudar esses maus costumes que fomos adquirindo por influência das forças malignas que durante décadas corromperam a família brasileira através dos meios de comunicação. Desde que Machado de Assis fez tão fina análise da psicologia do povo brasileiro, as coisas pioraram muito.
Sim, por influência da mídia, sobretudo da Rede Globo, o povo brasileiro foi adquirindo nas últimas décadas, baldas e maus costumes incompatíveis com o padrão moral que nos transmitiram nossos antepassados portugueses e os antigos missionários que evangelizaram nosso povo e lhe ensinaram a ser um povo trabalhador, grande produtor de alimentos para o mundo inteiro, a ser um país destino de imigração, país pacífico para onde vinham homens de várias regiões do mundo em busca de um futuro melhor, e aqui se estabeleciam, enriqueciam, constituíam famílias, miscigenando com os nativos, originando um povo bondoso, hospitaleiro, ordeiro, onde nunca houve grandes revoluções nem regimes políticos monstruosos como em outras partes do mundo.
Sim, a fé cristã e a devoção mariana educaram o povo brasileiro, um povo bom, alegre, dotado de um grande espírito de sacrifício e coragem, capaz de originar uma civilização em um território de dimensão continental de um clima inóspito em muitas das suas regiões.
Estão aí, até hoje, nossas belas cidades históricas com uma arquitetura barroca admirável, com suas igrejas magníficas e edifícios públicos soberbos a atestar que aqui houve um povo digno, um povo que assimilou e viveu os valores sublimes do Evangelho, sob a proteção da Virgem Maria.
Realmente, o Evangelho e a devoção mariana originaram no Brasil um povo nobre e bondoso. Somos católicos e marianos graças a Deus e aos nossos maiores. Temos um passado glorioso, que é penhor de dias melhores no futuro.
Talvez alguém objete: padre, sua visão do Brasil é um tanto poética e fora da realidade; quanta violência, quanta malandragem, injustiça e corrupção há no Brasil; são males de natureza crônica e institucional. Respondo: a malandragem, a imoralidade, a vulgaridade, a sujeira que emporcalham hoje o Brasil são obra da rede globo e da esquerda católica, instalaram-se em nosso país por um descuido nosso. Não pertencem à nossa tradição histórica. Basta pensar que o banditismo, a violência urbana, a criminalidade, o narcotráfico são promovidos pela esquerda com o propósito de ser uma força auxiliar da revolução anticristã. E mais: ficam impunes por causa da absurda política dos direitos humanos que tem todo apoio da mídia e da esquerda católica.
Infelizmente, gerou-se uma visão deformada da nossa história, das nossas raízes católicas, que fez um grande estrago; levou muitos brasileiros a ter vergonha do seu passado e a achar, por exemplo, que o Jeca Tatu é a figura real do caboclo brasileiro, que seria um sifilítico estúpido, inepto para o cultivo da terra. Sabemos que isso é falso: quantas fazendas de café e cana de açúcar houve e há no Brasil.
Não, o Brasil caipira do interior de São Paulo, de Minas Gerais, Goiás, era um Brasil feliz, pacífico, laborioso, constituído de boas famílias, de famílias piedosas; era o Brasil das filhas de Maria, dos Congregados Marianos, das irmandades do Rosário, das Senhoras do Apostolado da Oração, que rezavam, trabalhavam honestamente, cumpriam seus deveres e educavam seus filhos no temor de Deus. Essas mães de família eram nossas heroínas, que se inspiravam no modelo de Nossa Senhora. É esse o Brasil que queremos de volta, o Brasil que reverencia a memória da Princesa Isabel a Redentora, comemora a data de 13 de Maio, e rechaça o dia de Zumbi e da consciência negra como um ardil próprio para insuflar o conflito racial em nossa sociedade.
É o Brasil da Virgem Imaculada, o Brasil da Senhora Aparecida que queremos de volta. O Brasil abençoado desde o seu nascimento pela celebração da primeira missa imortalizado por aquela tela maravilhosa de Vitor Meirelles, o Brasil do Pe. Anchieta, verdadeiro patrono da educação nacional, autor do poema da Virgem Maria.
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Meus caros irmãos, o Brasil pode regenerar, o Brasil tem remédio, contanto que volte às suas raízes cristãs, por meio da devoção a Nossa Senhora. Realmente, a salvação do Brasil não virá de Brasília. Brasília é um caso perdido, Brasília está condenada ao inferno, e vai infernizar o Brasil inteiro se os brasileiros não recorrerem à proteção de Nossa Senhora. O problema do Brasil é um problema de natureza moral e religiosa. E o seu remédio é de natureza espiritual: oração, penitência e conversão. O remédio do Brasil é também de natureza intelectual. É preciso que o povo brasileiro adquira o hábito de boas leituras, o hábito de estudar nossos problemas à luz da boa doutrina, e não do que diz a mídia esquerdista. É necessário que o brasileiro se dê conta da força das ideias. As boas ideias, as ideias retas, levam a boas ações; ideias falsas geram confusão e levam à desordem.
O Papa Leão XIII, o papa da doutrina social, o papa que estudou a fundo os problemas do mundo moderno e propôs a doutrina de Santo Tomás de Aquino como guia para o estudo da crise da nossa civilização, dizia que são três as causas morais que estão na origem de todos os outros problemas que nos assolam:
1) A aversão pela vida simples e laboriosa;
2) O horror ao sofrimento e a ânsia do prazer;
3) O esquecimento dos bens eternos.
E dizia Leão XIII que os mistérios do Rosário nos mostram a vida de Jesus e de Maria em oposição completa a estas causas, a estes defeitos morais que estão provocando a ruína da civilização.
Basta pensar um pouco no problema da sinecura, no problema do empreguismo que compromete o orçamento público. Os nossos políticos se elegem e se mantêm no poder graças à promessa de emprego público a seus eleitores (Um amigo me disse que uma chefe de repartição pública lhe confidenciou que na sua repartição havia muitos funcionários recebendo salário para não trabalhar). Realmente, muitos não querem mais trabalhar. É a aversão pela vida simples e laboriosa, como diz Leão XIII. Muitos perderam o espírito de sacrifício, o espírito de empreendimento, sonham com a segurança do funcionalismo público e se deixam contaminar pela ânsia do prazer. E muitos também perderam a fé, não esperam mais os bens eternos.
Ora, uma sociedade assim, tão abalada em seus fundamentos morais, não pode ter famílias bem constituídas, não pode mais gerar verdadeira riqueza para satisfazer suas necessidades reais. Uma sociedade assim será presa fácil da especulação financeira, da agiotagem e seu destino será a ruína moral e a miséria.
De modo que é necessário que tomemos consciência de que nossa Mãe do Céu, a Senhora Aparecida nossa padroeira nos faz um apelo para que ouçamos o ensinamento do Vigário de Cristo o Papa Leão XIII e rezemos com perseverança o Rosário como nosso remédio, como nosso tonificante para que recobremos força e possamos lutar pela restauração da Terra de Santa Cruz.
Tudo indica que 2026 será um ano decisivo para o Brasil com as eleições para presidente da República e governadores. Imploremos a nossa Padroeira que obtenha do seu Divino Filho misericórdia para o Brasil. Meditemos diariamente os mistérios do Rosário pedindo a graça de viver conforme o modelo da Sagrada Família: uma vida simples e laboriosa, com espírito de sacrifício, longe da moleza e da sensualidade, uma vida desapegada do mundo e cheia de esperança do prêmio da vida eterna para os que perseveram na fé e na prática das boas obras.
Pe. João Batista Ferraz Costa