Margarida significa pérola, e seu confessor e primeiro hagiógrafo confirma que é um nome correspondente à preciosidade de sua alma.
Ela nasceu em 1046 na Hungria, mas foi forçada a fugir de sua pátria com seu irmão Egdar, pois este foi perseguido fortemente por Guilherme de Normandia, já que o pai de Edgar e de nossa santa, chamado Eduardo, era pretendente ao trono da Inglaterra.
Não por vontade própria, mas em razão de uma tempestade, chegaram os dois à Escócia.
O rei Malcom III os recebeu cordialmente e, percebendo as preciosas virtudes de Margarida, pediu-a em casamento.
Ambos viveram por 30 anos em perfeita harmonia e era nossa santa muito querida por seus súditos.
Ela construiu uma igreja dedicada à Santíssima Trindade e diversos conventos. Ela mesma fazia as alfaias para o culto divino e repartia-as entre as diversas igrejas.
Conduziu seu esposo à prática da vida cristã, reinando ele com justiça e misericórdia.
Margarida rezava bastante e fazia muitas penitências, pois vivia em meio a divertimentos e festas próprias de uma corte real.
Faltando tempo para suas práticas de piedade durante o dia, usava as horas silenciosas da noite.
Dava bom exemplo ao ler os livros sagrados e receber com frequência e fervor os sacramentos. Observava o jejum da Igreja e também no advento, em preparação para o Natal.
Sua caridade para com os pobres era admirável: não raras vezes dispôs das próprias joias para socorrer aos pobres, cujo número era de 300 por dia.
Seu marido começou a acompanhá-la nas vigílias noturnas. Muitas vezes ornou os santos livros que a rainha usava com joias preciosas e os cobria de beijos, considerando-os relíquias daquela santa que ainda vivia neste mundo.
Deus abençoou a caridade desinteressada de nossa santa e lhe deu filhos que receberam educação primorosa.
Não somente deu ela bons mestres a seus filhos, mas incumbiu-se ela própria do ofício da primeira educação.
O carinho materno, as repreensões e castigos corporais nunca lhes faltou.
Repetia Margarida com frequência à sua prole:
“Meus filhos, tende sempre temor e amor de Deus; àqueles que temem a Deus, nada lhes faltará; e aqueles que O amam serão felizes aqui e na outra vida.”
Por graça de Deus, conheceu antecipadamente o dia de sua passagem para a vida eterna. Seis meses antes da data prevista, caiu doente.
Porém, quatro dias antes de sua morte, recebeu a notícia da morte do rei seu esposo, durante uma batalha:
“Ó meu Deus — disse a rainha —, eu vos louvo e bendigo por me terdes mandado esta provação ainda nas vésperas de minha morte. Aceito-a para que me perdoeis os meus pecados.”
Morreu no dia 16 de novembro de 1093, aos 47 anos de idade.
O Padre Alban Butler diz que toda a perfeição consiste em manter a guarda do coração. Onde quer que estejamos, podemos criar um refúgio em nossos corações, desligar-nos do mundo e conversar familiarmente com Deus.
Santa Margarida vivia em meio às comodidades de uma corte real, mas o mundo não a contaminou. Pelo contrário, esta pérola preciosa ornou todo o reino com seu brilho de santidade e virtude.
O Padre Lehmann encoraja todo tipo de pessoa a acolher o exemplo e patrocínio de Santa Margarida. Os ricos, escreveu ele, devem aprender a usar seus bens para socorrer os pobres; os cônjuges podem aprender a arte de se santificar mutuamente; e os pais têm nela um exemplo prático de como educar os filhos.
A todos, ensina nossa santa a cumprir e fazer cumprir as leis da Igreja, bem como a praticar as virtudes e se conformar perfeitamente com a vontade de Deus, manifesta nas circunstâncias da vida.
Santa Margarida, rogai por nós!